Durante as convenções partidárias, que começam no próximo dia 20 e terminam em 5 de agosto, as siglas têm um desafio: equilibrar ou, ao menos, minimizar o descompasso existente na participação das mulheres na política.
A chamada cota de gênero, que prevê que 30% das vagas sejam preenchidas pelo sexo feminino para os cargos proporcionais (à vereança), é uma dor de cabeça recorrente na maioria dos partidos. E em Santa Maria, esse recorte também se faz presente na política local.
O Diário conversou com os dirigentes de 14 siglas, e a maioria afirma que a balança pende invariavelmente sempre para o lado masculino.
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Na eleição de 2012, a cidade contabilizou 217 candidatos a vereador, sendo que 70 deles eram do sexo feminino (32% do total). Deste número, 65 mulheres fizeram, juntas, quase 23 mil votos, o que representa 15,5% do total dos votos válidos à vereança (que foi de 147,2 mil). Ou seja, a maioria dos votos ainda ficou concentrada majoritariamente com os homens.
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Se antes da eleição o cenário já é de adversidade às mulheres, depois, com o resultado já conhecido, pouca coisa muda. Na atual legislatura, dos 21 parlamentares, apenas quatro são mulheres. Nas legislaturas anteriores, já se teve números menores: duas e três do sexo feminino.
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Desproporção
Mesmo que as mulheres sejam maioria na população e no eleitorado, todo esse gigantismo se resume a quase nada na participação dentro dos quadros políticos e nos cargos eletivos, diz Céli Pinto, cientista política e professora do Departamento de História UFRGS.
Dois exemplos ilustram bem essa discrepância: na Câmara, são apenas 47 deputadas federais, de um total de 513 políticos, e no Senado, dos 81 senadores, 10 são mulheres.Céli avalia que a ausência da mulher na política está ligada ao fato que o sistema político-partidário privilegia grupos dominantes:
– As elites, econômicas, sociais e sindicais, afastam as mulheres da política. O novo não é bem-vindo e as mulheres estão nesse contexto. A política ainda é um nicho de muito machismo.
Além disso, ela reitera que o poderio econômico fica concentrado nas mãos dos homens. O drama vivido pelos partidos se agrava por mais dois motivos: a falta de uma política de incentivo à participação feminina (dentro das próprias siglas) e, ainda, o crescente e perceptível desinteresse e desconfiança das mulheres com a classe política.
Decepções
O ativismo no Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) e a postura combativa logo renderam olhares e despertaram interesse da direção local do PT em fazer com que a então educadora Circe Rocha trilhasse o caminho da política.
Em um primeiro momento, ela relutou em conc"